Maykendell

             Hoje... Como vejo o suicídio? Vejo como uma saída pra uma pessoa que não aguenta mais nada, muitas vezes, o que tanto você venera em alguém é o que esse alguém detesta nele, chega uma hora que elogios já não bastam pra por o astral lá em cima, chega uma hora que as palavras doces de sua mãe e de seus amigos não são o suficiente para te consolar, chega uma hora que simplesmente se isolar do mundo não é o bastante pra você se sentir confortável em seu limitado mundo... Chega uma hora, que deitar na sua cama e depositar sua cabeça em seu travesseiro já não é a garantia de que o sono virá, nessa hora a única garantia é uma sensação de dor no peito, uma sensação de eu não suporto mais isso, uma sensação de que não adianta quantos baldes de lágrimas você despeje, você não consegue tirar aquilo de você, os adágios da vida que antes te serviam como inspiração agora se tornam piadas... Seu cérebro pára, os objetos começam a falar com você, você tenta se esquivar de tanta loucura, você fecha os olhos e a única coisa que sente é a sensação de solidão, uma sensação terrivelmente assustadora, você se coloca em uma posição fetal, tenta encontrar conforto com o seu próprio abraço, suas lágrimas de quentes que caem de seus olhos, deslizam sobre sua face caindo sobre seu travesseiro, seu rosto fica quente, sua respiração ofegante, você reluta contra tudo isso que sente, mas parece que não dá, não dá mais, todas as forças que você tinha foram sugadas pelas suas mágoas, os que ontem te prometeram a companhia eterna, hoje quando você liga dizem que estão ocupados ou nem sequer atendem o telefone, é aí que você pergunta... “Então foi isso?” O que antes você tapava os ouvidos para não ouvir os objetos, agora os objetos são sua companhia, eles conversam com você e você responde... Eles falam com você como se fossem íntimos o bastante pra tomar decisões por você, fazem inúmeras perguntas sobre o que você acha da vida que você vive, das pessoas com quem anda e fala da sua rotina, te pergunta se você é corajoso o suficiente pra sangrar até a morte ou louco o bastante pra querer morrer com uma morte bem lenta e sentida, você que já está abalado com tudo, recorre à morte lenta e sentida, pois quer conhecer esse tão almejado sonho, um sonho de ser feliz em outro espaço, em um espaço onde você é bem aceito, onde as pessoas te amam, onde não existe preconceito, onde seus sorrisos vão ser entendidos e seus valores não vão ser subjugados... É aí que vem sua última felicidade na terra, você coloca sete cobertores sobre sua cabeça e lá fica somente você e pouco oxigênio, sua respiração começa a ficar ofegante, você sente vontade de desistir, mas você sabe que se desistir agora não terá mais alternativa alguma, você pensa em todos aqueles que passaram na sua vida e o que deixaram, as lágrimas correm cada vez mais rápido, algumas quase voam do seu rosto, você aperta cada vez mais a coberta, sua cabeça dói, você sente um líquido sair do seu nariz, vê a textura e percebe que é sangue... Sangue de um mortal que não conseguiu ser feliz, mas você se alegra, pois vê que terá uma segunda chance, dessa vez você não irá fracassar, você sente um aperto no coração, aperta bem os olhos e uma pequenina lágrima de cristal, rola por sua entristecida face você se encolhe mais, você perde todas as suas forças até que finalmente... Mais um dia amanhece, você está coberto de sangue, seu travesseiro cheirando à sede de morte, sua cabeça explodindo e seus pensamentos vagos... Deveria você tentar mais uma vez?